DIdi Krepinsk

Reserve Aqui 01/02/2017

Após pedalar em HaLong Bay e passar brevemente por Hanoi, a viagem de bike na Ásia continuou para Luang Prabang, no Laos. Pegamos um voo da Vietnam Airlines super curto, de apenas 45 minutos, tipo ponte aérea. Ter feito a viagem com a Butterfield teve sua vantagens, mas especialmente na questão do visto na chegada. Um dos guias recolheu todos nossos passaportes, furamos uma fila e fomos diretamente para o hotel, sem ter que se preocupar com toda burocracia. Achei isso muito prático e válido!!

A população do Laos é de aproximadamente 7 milhões de pessoa, e Luang Prabang, sua capital, tem apenas 450 mil habitantes, uma paz comparado com o caos de Hanoi! Eu me encantei com Luang Prabang e um dos motivos (e minha primeira impressão ao chegar) é o constante cheiro maravilhoso de jasmim no ar!! É delicioso!

Apesar da comida ser considerada asiática, os pratos mudam muito de acordo com o país. No Laos, ao invés de noodles, tem muito arroz! Em média, uma pessoa em Laos come 204 kg de arroz anualmente, mais do que qualquer outro país no mundo! O “sticky rice”, também conhecido como “glutinous rice” é servida em toda refeição e se come com a mão! O correto é pegar um pouco do arroz (grudento) com a mão, enrolar os grãos numa bolinha e mergulha-la nos diferentes molhos (“dipping sauces”). Outra diferença entre Laos e o Vietnã é o alfabeto! Se você acha que vietnamita é difícil, tente ler algo escrito em “laotian”! kkkk O Vietnã é o único país asiático que utiliza o alfabeto romano como a gente, enquanto os outros países, como Laos e Cambodia, baseiam seu alfabeto na escrita tailandesa. É BEM diferente!! hahaha

Nos hospedamos no Hotel de La Paix, a antiga mansão de um ex-governador. O hotel virou um Sofitel logo depois da viagem. Gostamos muito do nosso hotel, bem localizado, piscina agradável e quartos ENORMES! A comida e o serviço também eram ótimos! Não cheguei a conhecer o Aman lá, mas pelo que vi em fotos, prefiro o que eu fiquei! Recomendaria!

Chegamos no hotel e fomos super bem recepcionados, com direito a uma massagem relaxante nas pernas e nos ombros…incrível! kkk Almoçamos e em seguida saímos pedalando por 15km numa trilha que seguia paralela ao rio –  o Mekong River. Como tivemos um imprevisto com o voo da ida e dormimos uma noite a mais em Hanoi, os guias tiveram que adaptar o roteiro em Laos. Ou seja, tudo que estava programado para fazer em quatro dias agora tinha que ser feito em menos de três, então acabou sendo um pouco corrido e sobrou pouco tempo para relaxar. Mesmo assim valeu muito a pena. Depois do esforço veio a recompensa – voltamos para a cidade de barco (um tradicional “longtail boat”) pelo Mekong River durante o pôr do sol. Depois de pedalar em trilhas off-road foi uma bênção o ventinho do barco kkkk. O passeio durou aproximadamente meia hora.

Ao contrário do que se espera, o famoso Mekong River não é bonito! Pelo contrário, é bem marrom por causa de todo barro. A vegetação parece com a do Brasil. As áreas ao redor de Luang Prabang são rurais, super simples e pobres. Mas as crianças são lindas!! Muito fofas, lembram as crianças da Mongólia, Nepal, Butão, etc…uma graça!

Antes do jantar participamos de uma cerimônia típica – Baci Ceremony. A cerimônia celebra uma antiga crença do Laos para reestabelecer o equilíbrio. Durante, 12 fios brancos de algodão são amarrados nos pulsos, como símbolo de prosperidade e harmonia, e devem permanecer obrigatoriamente por 3 dias, para balancear suas energias e emoções. De acordo com os costumes locais, o ser humano é união de 32 espíritos e o desalinhamento deles pode causar até doenças. Ao final da cerimônia, como era quase meu aniversário, o “mor phon”  (aquele que celebra a cerimônia e deve ser alguém sábio e idoso da comunidade local) me presenteou com o “Pha Khuan“. Essa pirâmide de calêndula artesanal é a peça chave central da cerimônia, em volta da qual todos participando se sentam. Amei! O jantar foi servido no jardim, ao ar livre, e foi temático. Tivemos apresentações de danças tradicionais do país e serviram pratos típicos. Comi chicken curry (adoro) com o famoso sticky rice. Estava tudo delicioso. Aliás, vale mencionar que as cestinhas usadas para servir o arroz no Laos são um charme a parte! Recomendo comprar algumas como souvenirs e levar pra usar em casa!

Após o jantar fomos para o pátio principal do hotel onde montamos e acendemos as lanternas tailandesas. Foi um momento mágico! Ao acender a lanterna, mas antes de soltar no ar, você deve fazer um pedido! Cria um super visual!

No segundo dia madrugamos para participar da tradicional e reverenciada cerimônia de “Alms Giving”. Esse passeio é obrigatório para qualquer um  indo pra Luang Prabang! Mesmo sendo cansativo por causa do horário, é muito bacana vivenciar. Saímos às 5:30am em direção ao centro para oferecer comida (no nosso caso arroz) aos monges da cidade. Basicamente, turistas e moradores sentam em pequenas cadeiras na rua, em cima de um tapete, e esperam os monges passarem para oferecer comida. Diariamente, eles passam pontualmente por locais designados para coletar alimentos oferecidos pelo povo que servirão como a comida do dia.

Chegamos cedo no local e ficamos esperando os monges passarem. Quando chegou a hora, foi surpreendida pela velocidade do processo todo!! Passaram quase 200 monges por nós, e bem rápido! Oferecemos “sticky rice”, dando de pouco em pouco, mas acho que não soube dosar bem as porções então meu arroz acabou rapidamente e fiquei sem graça quando não tinha mais comida para oferecer aos outros! Me senti muito mal kkkk

É proibido tirar fotos dos monges enquanto você está oferecendo comida, e os joelhos e ombros devem permanecer cobertos, pois é considerado falta de respeito na religião budista. Amarramos também uma espécie de lenço atravessado pelo corpo e por cima do ombro esquerdo, pois no budismo o lado esquerdo do corpo é sagrado. Os guias nos contaram um pouco da história do Laos e achei curioso o motivo pelo qual o lado esquerdo é considerado sagrado – muitos anos trás, um Buddha, contra sua religião, não resistiu e tocou numa mulher com o seu pé direito. Depois desse episódio, diz-se que o lado direito deixou de ser sagrado, restando apenas o lado esquerdo do corpo, que não entrou em contato com o corpo feminino!

FUN FACT: Todo homem em Laos já foi monge e morou em templos! São quase 3 mil monges em Luang Prabang e razão para isso é o governo. Como 80% do país é tomado por montanhas e baseado numa cultura de subsistência, a população é toda rural e basicamente todo mundo é agricultor. Como o governo é comunista, ele só é obrigado a construir escolas até o ensino médio nos pequenos vilarejos. Então para o high school, os adolescentes se mudam para a “cidade” (Luang Prabang) e viram monges. Como monges eles moram nos templos e estudam. Mas surpreendentemente, os monges de Laos podem sair dos templos a qualquer momento e podem casar! Então muitos homens viram monges temporariamente para estudar e depois se casam. Ou seja, todo garçom em Luang Prabang já foi monge algum dia! kkk Diferente né?!

Depois dos monges, passeamos pela cidade e pelo mercado matinal local – vale a pena! Tem bastante coisa diferente para ver como os passarinhos da sorte que ficam em mini gaiolas no chão que você pode comprar por 1 USD, fazer um pedido e soltar um, ou então provar os deliciosos “rice coconut hotcakes”, típicos do Laos! Esses bolinhos parecem mini panquecas, são feitos na hora e servidos quentinhos! São bons porque não são muito doce! Por 1 USD você compra uma cestinha com vários! Amei!

Depois do mercado entramos numa van e dirigimos cerca de 40 minutos até as famosas cachoeiras, Kouang Si Waterfalls, onde finalmente tomamos o café da manhã! O cenário não poderia ser mais bonito! Um buffet foi montado à beira da cachoeira – muito lindo e especial! Detalhes assim fazem toda diferença, e essa experiência talvez não seria possível não fosse a Butterfield. Após o café foi a hora da verdade – pular na água GELADA das cachoeiras!! Quase ninguém pulou, mas eu não resisti, afinal, não é todo dia que estou em Luang Prabang né?! hahaha

No final da trilha que beira as cachoeiras tem um refúgio de proteção aos ursos marrons da região! Muito fofo – você consegue avistar vários de perto! Se você achou que meu dia acabou por aí que nada!! Pedalamos das cachoeiras de volta para a cidade de Luang Prabang, um pouco mais de 30km. O terreno não era nada plano então foi um pouco difícil – teve uma subida de 2km que quase morri! kkk Ao chegar na cidade fomos direto ao restaurante Tamarind para um almoço informal, onde provamos um menu degustação com pratos típicos do Laos!

O restante da tarde foi livre então aproveitamos para relaxar a beira da piscina,tomar sol e fazer massagem! No final do dia fomos para o centrinho de TukTuk (o taxi local hahaha) e passeamos pela rua principal de Luang Prabang e pelo Night Market. No night market você encontra de tudo: um monte de cacarecos e souvenirs, garrafas de bebida com escorpião ou cobra dentro (eca), um monte de chás em lindas embalagens, e também verdadeiros buffets de comida! Não queríamos jantar no mercado com receio da comida, mas não resisti e provei uns dumplings de porco caseiros que estavam sendo feitos na hora e comi novamente os coconut hotcakes! Meu pai ficou horrorizado hahaha mas não deu nada! kkkk Mas até que a comida nos buffets estava com uma cara boa e todos lotados de turistas europeus, então deve valer a pena provar! Quem sabe uma próxima vez… Jantamos no charmoso restaurante L’Éléphant, um autêntico francês com comida incrível!! O ambiente é super agradável, aconselho sentar em uma mesa no terraço! Outros restaurantes bons na cidade são o Tangor, Blue Lagoon e Coconut Garden.

Apesar de ser um país pobre, o Laos não é miserável. Pelo contrário, todo lugar tem eletricidade, as calçadas são todas em ordem e não tem lixo nas ruas. Luang Prabang é uma graça e especialmente charmosa a noite com as lanternas acesas em formato de estrela, o símbolo do país. É impressionante como a cidade inteira é voltada para o turismo, e de maneira inteligente! Está na cara que a UNESCO investiu aqui ajudando na restauração, mas também educando o povo a incentivar o turismo. A quantidade de restaurantes, cafés e bares, um atrás do outro, todos ajeitadinhos, comprova isso nitidamente. Ficamos encantados com Luang Prabang – é uma paz aqui!! O povo de Laos é super relaxado e acolhedor, ninguém fica empurrando ou tentando vender nada…Adoramos e queremos voltar!

FUN FACT 2: Laos é a bateria do sudeste Asiático! O país construiu muitas barragens hidrelétricas, então energia é uma das suas principais exportações.

No terceiro e último dia fizemos o tão esperado passeio de elefante! Pegamos um traslado de 20 minutos até o rio, onde embarcamos em longtail boats típicos que nos levaram até o Elephant Village & Sanctuary. A missão desse santuário é proteger e reabilitar os elefantes do Laos, proporcionando uma moradia tranquila e segura, e um futuro sustentável.

Passeio de longtail para o Elephant Village & Sanctuary, Luang Prabang - Laos

O passeio foi relativamente rápido! Para montar no elefante é necessário super numa plataforma (“embarking platform”). A cadeirinha até que é confortável e comporta duas pessoas. Achei a experiência demais, sempre quis fazer, já estava há tempos no meu #bucketlist. O mais legal é que me deixaram sair da cadeirinha e andar em cima da cabeça do elefante, segurando na sua pele, literalmente! Isso foi demais! Como eles são fofos e dóceis ❤️! Amo elefantes e amo que eles têm cílios gigantes hahaha! Verdadeiros “gentle giants”. Andamos no elefante pela floresta por aproximadamente 25 minutos. O passo dele é BEM lento. No final do passeio cada um deu comida (bananas!) para o seu elefante. O meu comeu uns 3 cachos e continuava com fome hahaha Amei, Amei, Amei! Abracei e fiz carinho a vontade no meu! Tirei até selfie hahahaha

Na volta, pedalamos de volta para o hotel aproximadamente 15km na estrada. Diferente das anteriores, essa era nova, asfaltada e bem ampla! Ainda bem kkk Almoçamos no hotel e fomos para o aeroporto com destino à Siem Reap, na Camboja. Se eu puder dar apenas um conselho, não deixe Laos de fora do seu roteiro! Vale a pena! Minha mãe não queria ir e no final foi o lugar que ela mais gostou da viagem!

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