Reserve Aqui 17/05/2017
Minha viagem de bike pelo Marrocos começou em Ouarzazate. Depois do pitstop em Londres, seguimos viagem para o Marrocos com a Royal Air Maroca, voando primeiro para Casablanca, para depois conectar. O pedal começava na quarta-feira de manhã, mas resolvemos chegar dois dias antes, na segunda a noite, pois o único voo para a cidade chega às 12:30am. Ou seja, impossível chegar na terça de madrugada e começar a pedalar logo cedo no dia seguinte! Kkk. Mas antes de começar a contar da primeira parte da viagem, em Ouarzazate e Skoura, achei válido falar um pouco sobre o Marrocos.
O PAÍS
A MONARQUIA
A França estabeleceu um protectorado sobre o Marrocos em 1912 e, posteriormente, concedeu-lhe a independência em 1956. Igual Israel, o Marrocos é um Estado relativamente novo. Hoje, o país é categorizado como uma monarquia constitucional. O Rei Mohammed VI é o Comandante dos Fiéis (porque ele é descendente direto do Profeta Maomé), e o Chefe de Estado secular. O Rei é tudo e está por toda parte – é ilegal NÃO ter uma foto dele pendurada no seu local de trabalho.
A LÍNGUA
A língua oficial do Marrocos é árabe, mas a linguagem diária nas ruas é o árabe marroquino. Diferente do “árabe puro”, o árabe marroquino é um pesado e simplificado dialeto, com palavras roubadas do francês e espanhol. Francês é a segunda língua oficial do país. Ensinado em escolas como uma segunda língua, o francês é muito utilizado no comércio e governo. A terceira língua mais falada, embora não oficial, é a Berber. Ela não possui ligação com árabe e é falada por um terço da população do país, que costuma morar nas cidades e vilarejos das Montanhas Atlas e terras do Saara. Ainda existem mais de 300 dialetos berberes!
OS GRUPOS ÉTNICOS
A população original do Marrocos era Berber, e hoje, 75% dos Marroquinos são de descendência Berbere. Os berberes levam seu nome do grego “bárbaro”, e são a população nativa e não-árabe do Marrocos que habitam grandes partes do Norte da África desde 3000 A.C., segundo relatos egípcios, romanos e gregos. Os berberes representam 40% da população marroquina, embora o número esteja diminuindo na medida que eles adotam a cultura e a língua da maioria árabe. Os Árabes formam o segundo maior grupo étnico que costuma morar nas cidades.
A RELIGIÃO
O Islã é a religião do Estado, e quase toda população é Muçulmano Sunita. No entanto, apenas 35% da população adere estritamente às práticas do Islã. O Marrocos é um dos países muçulmanos mais abertos, unificados e estáveis do mundo, apesar de ter todos os ingredientes para rebeliões e conflitos, como a corrupção, pobreza, desigualdade social e elevado índice de desemprego. O país é uma espécie de anomalia no mundo muçulmano. Hoje, o Marrocos é um dos poucos países árabes com uma política aberta em relação ao povo judeu e a Israel, perdendo apenas para o Egito. Aliás, um dos conselheiros mais importantes do Rei é judeu. A cidade de Moulay Idriss é o lugar mais sagrado no Marrocos, e a quinta cidade mais sagrada do mundo Muçulmano. Moulay Idriss I foi o fundador do Marrocos Islâmico e o primeiro Sultão do país. Ele era bisneto do Profeta Maomé. Durante a histórica batalha de 786, Moulay foi forçado a fugir de sua casa no Iraque e veio para o oeste procurar refúgio no que hoje é o Marrocos. Essa batalha é conhecida, pois marca a divisão existente até hoje entre muçulmanos sunitas e xiitas.
A ARQUITETURA
No Sul do país, a arquitetura pode ser categorizada em três tipos: “riads”, “kasbahs” e “agadirs”. Os “riads” são típicas casas marroquinas, discretas por natureza – não há fachada formal para a rua, apenas uma parede em “branco”. O visitante desavisado é surpreendido pelo contraste chocante entre o lado negligenciado da rua e o charme e a serenidade do interior da casa. Dentro você encontrará uma riqueza de materiais brilhantes, cores, e complexos desenhos geométricos ou florais todos trabalhados em azulejos de cerâmica (“zellige”) ou esculpidos em madeira. O conceito de ter uma piscina dentro de casa, que vemos com frequência em riads hoje em dia, foi introduzido pelos franceses. Hoje as piscinas tornaram-se uma característica padrão de casas mais nobres. Os “kasbahs” seriam o equivalente a fortalezas Européias erguidos em locais estratégicos. O que impressiona é a simplicidade do material usado para construí-los – terra! Um “agadir” é um silo de armazenamento de grãos fortificado e guardado. A maioria das estruturas ainda de pé hoje têm menos de 100 anos.
FUN FACT: A venda de Burcas foi proibida no Marrocos há pouco tempo atrás. Algumas mulheres ainda usam, mas elas não podem comprar mais no mercado. As burcas foram proibidas por motivos de segurança, visando diminuir o impacto do terrorismo no turismo em países muçulmanos.
PRIMEIRAS IMPRESSÕES
De cara já achei os marroquinos muito simpáticos! Eles estão sempre sorrindo e de bem com a vida. Todo mundo fala francês então a comunicação inicial foi super tranquila! A caminho do hotel logo percebi o tom monocromático da cidade – tudo cor terracota, do jeito que eu imaginava! A cidade também estava praticamente deserta à noite.
OS HOTÉIS
LE BERBERE PALACE (2 noites)
Sem dúvida, esse é melhor hotel da cidade! Os quartos são relativamente bons, espaçosos, e em ordem. O ar condicionado do quarto era possante, um ponto positivo já que o calor no Marrocos não é brincadeira! Kkk. A decoração do hotel em si também não é nada demais, mas ele tem uma enorme e linda piscina, além de belíssimos jardins. Se você passear pelos jardins, irá encontrar roseiras e pés de laranja, e até alguns pavões! Objetos e itens utilizados no cinema decoram as áreas públicas do hotel, é engraçado. Veja abaixo, por exemplo, eu sentada no trono da Cleópatra usado no filme hahaha. Eu diria que o único ponto negativo do hotel é que nenhum quarto possui vista para a piscina, o que é uma pena.
DAR AHLAM – LA MAISON DES RÊVES (3 noites)
Inaugurado em 1999, o hotel boutique Dar Ahlam é tudo menos comum e impessoal. Situado no meio do Oásis de Skoura, entre as montanhas do Atlas e o deserto do Saara, o luxuoso hotel é um kasbah tradicional que foi totalmente renovado, em grande estilo, por um festeiro de carteirinha, o francês Thierry Teyssier. Membro da Virtuoso e Small Luxury Hotels, o nome Dar Ahlam significa “casa dos sonhos” em árabe. A decoração é uma combinação harmoniosa de cores inspiradas nas quatro estações, e todos materiais e tecidos são renovados duas vezes por ano! Situado num enorme jardim, o hotel possui apenas 14 espaçosas suítes, todas em tons de areia, com ar condicionado, lareiras e banheiros grandes. Cada quarto foi decorado individualmente com antiguidades incomuns e não possui TV ou telefone! O nosso quarto era WOW!!! Enorme, espaçoso e lindo! O nome do quarto (pássaro em árabe) indicava o tema da decoração, com grandes gaiolas espalhadas pela suíte. Tínhamos até um pátio com uma fonte dentro do quarto hahaha. Amamos! O serviço do hotel é impressionante – você pode pedir qualquer coisa para comer ou beber, a qualquer hora do dia, que o seu pedido é uma ordem. O hotel possui também uma piscina aquecida externa e um spa. O lugar é realmente especial e uma experiência incrível – não há dois dias iguais por aqui. Os funcionários criam ambientes dos sonhos o tempo todo, como sunset drinks no terraço com lanternas e tapetes marroquinos. A boa notícia é que o dono vai abrir dois hotéis no Brasil nos próximos anos: um na floresta amazônica e outro em Paraty, perto da Casa Turquesa. Não vejo a hora!
OUARZAZATE
Ouarzazate é uma cidade do sul de Marrocos, na região de Souss-Massa-Drâa, apelidada popularmente de “porta do deserto”, a quase 1250m acima do nível do mar. Depois dessa viagem, nós chegamos a conclusão de que a cidade é o coração do país e que “all roads lead to Ouarzazate” hahaha, vez que rodamos muito e passar por lá era obrigatório toda vez. O nosso guia no primeiro dia, o Saidi, começou o tour falando uma das frases mais memoráveis da viagem: “Welcome to Ouarzazate! Or like they say, where is that?” hahaha. Eu amei! O nome da cidade significa silêncio em Berbere. No início do século XXI, a população da cidade era apenas 4 mil pessoas, e hoje já ultrapassou os 60 mil e não para de crescer por causa de todos novos negócios e investimentos, como energia solar. A cidade também tem se beneficiado de recentes desenvolvimentos no turismo, bem como o sucesso de seus estúdios de cinema, incluindo o Atlas Film Studios e ECLA Studios. Ganhou até o apelido de #Ouarwood kkk. Localizada na confluência dos três sistemas de oásis do vale do Drâa, e na encruzilhada de quarto rotas comerciais importantes indo para o norte, sul, leste e oeste, Ouarzazate sempre foi estrategicamente importante.
AÏT BENHADDOU
No primeiro dia visitamos a cidade fortificada (“ksar”) Aït Benhaddou, um patrimônio mundial da UNESCO. O local fica a aproximadamente 30 minutos de carro. A palavra “Aït” significa “a família”, então no caso, o nome da cidade leva o nome de seu fundador, Ben-Haddou. A cidade era uma parada estratégica para comerciantes, pois ficava na antiga rota de caravanas entre o Saara e Marrakech. Os kasbahs da cidade velha são protegidos pela UNESCO e estão entre os mais bem preservados do Marrocos. Construídos com argila, pedras e materiais locais, eles ficam no pé das Montanhas Atlas, amontoados em uma colina com vista para um rio. Hoje em dia apenas 8 famílias berberes moram na cidade velha – a cidade nova fica do outro lado do rio, onde habitantes começaram a usar técnicas novas, construindo suas casas com cimento ao invés de lama. Durante o tour, visitamos uma casa berbere típica na cidade velha, foi super interessante. É difícil imaginar como nos dias de hoje alguém ainda pode morar dessa maneira. Por estar tão bem preservada e ser tão autêntica, a cidade virou palco de grandes filmes de Hollywood como “O Gladiador” e de séries como “Game of Thrones”. Muito visitado por turistas, há muitas lojinhas vendendo souvenirs de todo o Saara.
BUTTERFIELD & ROBINSON
A nossa estadia no Marrocos foi inteiramente planejada pela Butterfield & Robinson, com exceção dos últimos três dias em Marrakech, que foram por nossa conta. A operadora canadense é especializada em viagens de bike e trekking pelo mundo. Pioneira e líder no segmento de roteiros de luxo de viagens ativas, ela atua no mercado há 50 anos. A filosofia da B&R é “slow down to see the world”, convidando viajantes a conhecer o mundo de forma desacelerada, a pé ou de bike, explorando detalhes que passariam desapercebidos de carro, proporcionando uma maior interação com o meio e se aprofundando na cultura local.
Ao contrário do que pode parecer, é possível fazer essas viagens sem ser ciclista profissional (eu definitivamente não sou kkk). A proposta é de muito conforto e charme, comendo, bebendo e dormindo como um rei — roteiros em lugares incríveis, guias inteligentes e divertidos, os hotéis mais interessantes que a região tem para oferecer (sempre lindos, exclusivos e diferentes), experiências gastronômicas, equipamento de ponta, excelentes vinhos durante as refeições, garrafinha d’água sempre cheia e uma experiência inesquecível! É sem dúvida uma maneira única e deliciosa de se viajar. Essa foi minha segunda viagem com a B&R, e pretendo fazer muitas outras!
O PEDAL
Antes de viajar tive que escolher minha bicicleta: uma híbrida ou speed. No nosso grupo tinha um pai e uma filha que estavam pedalando juntos, numa bike tandem, uma bicicleta para duas pessoas! Além disso, precisei informar algumas medidas como altura e tamanho do meu capacete, mas depois não precisei me preocupar com mais nada! Essa é a beleza desse tipo de viagem! No pacote já estava incluso a pensão completa, ou seja, todas as refeições, estadias, transporte e gorjetas. Nosso guia, o Diego, era espanhol e nos acompanhou a viagem inteira, junto com três carros de apoio, que além de levar bebidas e comidinhas para a gente reabastecer no meio do percurso, também davam carona para quem estivesse cansado! No deserto isso foi extremamente útil! Hahaha. Os motoristas também se ocupavam de todas as bagagens, transferindo elas de um hotel para o outro. Era uma delícia chegar no hotel e encontrar com o quarto pronto com nossas malas dentro! Assim que é bom viajar né?! Kkk.
O nosso roteiro conciliava estradinhas mais bonitas e tranquilas, passando por vilarejos bem autênticos, longe do super turístico. Ao longo do dia, alguns eventos aconteciam entre uma pedalada e outra, como um piquenique surpresa ou um merecido mergulho na piscina! Pedalamos entre 30-50 km por dia. A viagem de bike em si durou 8 noites e 7 dias, mas tivemos dois “day offs” – um em Marrakech e outro nas Montanhas Atlas quando fizemos trekking ao invés de pedalar. Diferente da viagem que fiz para a Ásia, no Marrocos encontramos muitas subidas punk!!! Foi desafiador, especialmente com o forte calor, o clima seco e toda aquela poeira! Eu tinha que controlar rigorosamente o meu nível de sede – o clima seco fazia minha garanta ressecar, dando muita sede, mas ao mesmo tempo eu não podia ingerir muito líquido para não enjoar e passar mal. Além disso, eu precisava ficar atenta à desidratação! Estava tão quente e tão seco que eu não suava, secava na hora, então o perigo de desidratar e não perceber era grande! Eu colocava eletrólitos na minha água para ajudar! Foi realmente difícil pedalar nessas condições, eu não imaginava que seria tanto! Olha só a marca que eu fiquei nas costas depois do primeiro dia…
No primeiro dia de bike, saímos logo cedo do hotel Berbere Palace, entramos nos nossos 4×4 e fomos para Skoura, cerca de 45 minutos de carro. Fizemos uma parada em um kasbah lindíssimo onde tomamos um chá verde e comemos algumas coisinhas antes de subir nas bikes. Foi o tempo de os caras montarem as bikes e do Diego dar maiores explicações sobre a segurança nas estradas do Marrocos. O kasbah tinha um jardim enorme todo florido, onde o dono produzia seu próprio azeite, chá verde, figos, amêndoas e tâmaras – deliciosas por sinal! Saímos de lá e pedalamos por algumas horas até o Almond Valley, no pé das Montanhas Atlas, passando por pequenos vilarejos. Eu queimava mais de 1000 calorias por dia na bike, então eu podia comer sem culpa hahaha. No final do percurso, um lindo piquenique nos esperava no meio das amendoeiras, com direito a uma demonstração da cerimônia do chá! O almoço foi montado e preparado pelo hotel Dar Ahlam, para onde fomos em seguida e passamos as próximas três noites.
CERIMÔNIA DO CHÁ
O chá é a bebida nacional do Marrocos e passatempo favorito. Os marroquinos tomam chá de hortelã para se acalmar, relaxar, pensar, conversar e discutir. O chá é o cimento da sociedade marroquina, é o que une as pessoas. Imerso em ritual e cerimônia, ele é sempre servido a uma visita em casa ou numa loja. Mesmo não tendo eletricidade ou móveis, uma família sempre terá uma chaleira e bandeja de prata para servir chá. Tem um velho provérbio berbere que diz: “aquele que corre já está morto” – e a cerimônia do chá simboliza justamente o oposto: o tempo. O chá de hortelã nada mais é do que um chá verde, aromatizado com hortelã fresca e adoçado com cubos de açúcar. Aliás, os marroquinos AMAM açúcar! A quantidade que eles colocam no chá é assustadora!! Fica doce demais, então aconselho pedir seu chá sem açúcar, e se quiser, adicionei depois somente um cubo. O hortelã é utilizado para dar um efeito refrescante ao chá, especialmente durante o verão. No entanto, durante o inverno, os marroquinos preferem adicionar açafrão ao chá em vez de hortelã.
SKOURA
O Oásis Skoura é um palmeiral bem preservado a 39 km de Ouarzazate. Ele é um dos poucos palmeirais no país que ainda é habitado e cultivado pelos locais, uma tradição que ainda prevalece nos tempos modernos. A palmeira é a árvore da vida e a base da economia local no sul do Marrocos. Ela começa a produzir frutos (tâmaras) após cinco anos, e permanece produtiva por até 100 anos. Os palmeirais dessa região contém cerca de 4,5 MM de palmeiras que produzem cerca de 62 mil toneladas de tâmaras por ano! Skoura possui cerca de 140 mil palmeiras e conta com um sistema de irrigação incrível para a sobrevivência. O Oásis também contém vários kasbahs impressionantes, o mais conhecido sendo o Kasbah Almerdhil, onde algumas famílias berberes ainda mantêm a tradição.
FUN FACT 2: O Marrocos produz 14 tipos de tâmaras, a melhor sendo a “majhoul”, que possui uma aparência transparente e delicada.
FUN FACT 3: O Marrocos é um dos maiores exportadores de sardinhas no mundo!
TAPETES MARROQUINOS
Voltando do deserto, as mulheres do nosso grupo resolveram comprar os famosos tapetes marroquinos! Nosso guia nos levou para supostamente o melhor lugar da região para comprar os coloridos tapetes berberes – a Associação Iklane em Toundoute. Fomos conhecer essa associação de produtores de tapetes que foi criada para ajudar as mulheres da região a venderem seus tapetes por um preço justo no mercado. Aprendemos também sobre a arte milenar da tecelagem marroquina, que por tradição, vem das tribos das Montanhas Atlas e tornaram-se, em muitos casos, o meio de subsistência de algumas comunidades. Fazer esses tapetes demanda muito trabalho e pode levar anos para ficar pronto, dependendo do seu tamanho! Feitos para resistir ao uso diário, eles normalmente duram uma vida inteira!
Cada tribo (ou família) tem os seus próprios desenhos e modelos, tornando cada peça única, com as características de quem o fez. Os mais conhecidos no Marrocos são os tapetes Kilim e Glaoui. Diferente do Kilim, que são mais rústicos e simples, os Glaoui são mais grossos, pois são produzidos com três técnicas diferentes: tecelagem, bordado e “hand-knotting” (nó manual em português). A tecelagem tradicional usa corantes naturais para tingir a lã com as cores desejadas, como o açafrão para o amarelo e laranha, a hena para marrom, eucalipto para verde, e a planta índigo para o azul anil. E por fim, alúmen é utilizado para fixar a cor. Para determinar o preço de um tapete, é levado em conta as cores, o desenho, a tintura, a qualidade e as dimensões, além da procedência.
OS RESTAURANTES
No primeiro dia em Ouarzazate, almoçamos no L’Oasis D’Or, um restaurante na parte nova de Aït Benhaddou. O lugar era relativamente simples e o cardápio também, mas comi um delicioso espetinho de frango (“brochette de poulet”). O pão caseiro, feito na hora, também estava incrível! O nosso guia disse que esse era o único local “decente” para turistas comerem na cidade. À noite fomos jantar no restaurante francês Accord Majeur, que ficava literalmente na frente do hotel. Muito prático! Esse é um dos melhores restaurantes na cidade. Sentamos numa mesinha do lado de fora, super agradável. O cardápio é essencialmente francês, mas com alguns pratos marroquinos (óbvio) e italianos. A comida estava excelente e foi uma das melhores refeições na viagem! Eu pedi um “mushroom vol au vent” de entrada e depois “chicken curry” como principal. Os outros pediram os clássicos “entrecôte” e “filet de boeuf”, que também foram aprovados! O nosso guia chegou a sugerir também o Chez Dimitri, uma brasserie que serve comida clássica francesa e marroquina, cerca de 5 minutos do nosso hotel de taxi.
Tirando os restaurantes mencionados acima, o resto das refeições (nessa primeira parte da viagem) foram organizadas e montadas pelo hotel Dar Ahlam. Como mencionei acima, eles prepararam um lindo piquenique no meio das amendoeiras para o nosso primeiro almoço. E essa é a proposta do hotel: nunca comer no mesmo lugar duas vezes! Para você ter uma ideia, dos 100 funcionários do hotel, 30 estão encarregadas de arranjar e montar locais diferentes para os hóspedes comerem a cada refeição! É incrível! Durante nossa estadia, tivemos um piquenique no Almond Valley, sunset drinks com direito à tapetes marroquinos em um dos terraços secretos do hotel, jantar à luz de velas à beira da piscina, jantar temático marroquino com lanternas e músicos, café da manhã nas dunas e jantar ao ar livre embaixo do céu estrelado do deserto do Saara. Eclético não?! Não é todo dia que fazemos isso! Achei a experiência única!
De modo geral, o menu combina especialidades marroquinas tradicionais e as últimas inovações culinárias, mas eles também podem preparar o que você quiser. Inclusive, um dia eu pedi uma massa, pois não aguentava mais todos aqueles temperos marroquinos hahaha. Comemos “lamb confit with vegetable couscous”, “beef tangia” e “tagines”. As sobremesas do hotel eram incríveis e depois eu descobri o motivo: elas são criadas pelo renomado pâtissier francês Pierre Hermé! Imagine a mais incrível pastilla de chocolate, iogurte marroquino, crumble de amêndoas, salada de frutas cítricas e sorvete de cardamomo! Só de lembrar me deu água na boca!
IMPRESSÕES GERAIS DO MARROCOS: No mundo Árabe, o Marrocos é conhecido como “a terra aonde o sol se põe”, pois, é o país muçulmano mais ocidental do mundo. O Reino do Marrocos é aproximadamente o mesmo tamanho que a Suécia, mas com cerca de três vezes mais pessoas! Para um país relativamente pequeno, o Marrocos tem uma paisagem surpreendentemente variada. Eu diria que o país é um verdadeiro enigma colorido – desertos dourados, planícies rochosas, montanhas com neve e exuberantes florestas verdes! Eu certamente não esperava por isso, fui surpreendida!
MELHOR MOMENTO: Chegar no hotel Dar Ahlam depois de ter passado a noite no deserto, no meio de uma tempestade de areia! Estava precisando de um banho para me sentir gente, e entrar na cama à noite e não encontrar areia foi um alívio! Kkk
NÃO CONSIGO PARAR DE PENSAR EM: As cores do Marrocos! Os tons de azul, roxo, verde, e laranja. Uma combinação mais linda que a outra!
PRATOS PREDILETOS: Tudo no meu primeiro jantar no Marrocos, no restaurante francês L’Accord Majeur! E de sobremesa, sem a menor sombra de dúvida, o “molten chocolate pastilla” no hotel Dar Ahlam – absolutamente divino!
O QUE BEBER: O vinho marroquino Volubilia! Ele é ótimo e tem tinto, branco e rosé! Provei todos durante a viagem!
IMPERDÍVEL: As tâmaras e os docinhos feitos de amêndoas.
QUANDO IR: Em fevereiro e março é a época das amendoeiras, que cobrem o vale com tons de rosa e branco. É lindo de se ver. Eu fui na metade de abril e achei a temperatura ótima. É importante levar em consideração que essa região também faz parte do deserto, e as temperaturas podem chegar nas alturas! Então o segundo trimestre é definitivamente uma época boa para ir. O único ponto é que nessa época do ano (abril), acontecem muitas tempestades de areia (e vento), o que pode ser bem inconveniente.
O QUE LEVAR NA MALA: Para passear e conhecer os principais pontos turísticos recomendo que as mulheres levem saias e vestidos midi ou maxi. Faz muito calor para calça e nada mais curto “pega bem”. Homens podem usar bermudas tranquilamente. Se você for nessa mesma época, leve uma malha ou jaquetinha leve para usar de manhã, pois estava bem fresco! Mulheres, levem uma pashmina para se proteger das ventanias e areia! Além disso, não esqueça de levar um boné para se proteger do sol escaldante, e um maiô/shorts para se refrescar na piscina!
DICAS EXTRAS
Sexta-feira é o dia de reza no Marrocos, então todo comércio fecha, até em cidades como Fez. O único lugar onde isso não acontece é em Marrakech, pois a cidade vive para o turismo. Portanto, programe-se!
Se tiver mais tempo, vale visitar também os Kasbahs de Taourirt, situados a apenas 20 minutos a pé do centro de Ouarzazate. Esses são possivelmente os maiores kasbahs marroquinos já construídos. Eles foram construídos pela tribo berbere “Glaoui”, mas seus chefes nunca moraram aqui. Infelizmente, eles correm o risco de desaparecer para sempre, apesar das tentativas fracassadas do governo para restaurar e preservar o lugar.
Eu me senti segura de modo geral no Marrocos, mas não vou negar – existe o fator religioso e cultural inerente aos países islâmicos em relação à perspectiva da mulher. Portanto, você poderá se sentir desconfortável em alguns momentos, mas são raros.